«Não hesites em amar e amar profundamente. Talvez receies o sofrimento que o amor profundo pode causar. Quando aqueles que amas profundamente te rejeitam, abandonam ou morrem ficas com o coração despedaçado. Mas que isso não te impeça de amar em profundidade.
O sofrimento que provém do amor profundo torna o teu amor ainda mais profícuo. É como uma charrua que rasga o solo para permitir à semente ganhar raízes e tornar-se numa planta forte.
Sempre que experimentas a dor da rejeição, da ausência ou da morte, enfrentas uma escolha. Podes tornar-te amargo e decidir não amar de novo ou podes enfrentar a tua dor com bravura e deixar que o solo em que permaneces enriqueça e seja capaz de dar mais vida a novas sementes.
Quanto mais tiveres amado e permitido a ti próprio sofrer por esse amor, tanto mais capaz serás de deixar o teu coração alargar-se e aprofundar-se.
Quando o teu amor é verdadeiramente generoso e receptivo, aqueles que amas não deixarão o teu coração mesmo quando se afastam de ti. Tornar-se-ão parte de ti, construindo então uma comunidade dentro de ti.
Os que amaste profundamente tornar-se-ão parte de ti. Quanto mais longa for a tua vida tantas mais pessoas terás para amar e para fazer parte da tua comunidade interior. Quanto mais vasta se tornar a tua comunidade interior tanto mais fácil será reconheceres os teus próprios irmãos e irmãs entre os desconhecidos que te rodeiam. Os que estão vivos dentro de ti reconhecerão os que estão vivos à tua volta. Quanto mais vasta a comunidade do teu coração tanto mais vasta a comunidade que te rodeia. Assim, o sofrimento causado pelo desprezo, pela ausência e pela morte pode tornar-se frutífero.
Sim, à medida que amas profundamente, o solo do teu coração rasgar-se-á cada vez mais, mas regozijar-te-ás com a abundância dos seus frutos.»
Henri Nouwen , em «A Voz Íntima do Amor»
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